07 janeiro, 2007

07

Ano Novo, baixo os tapas dados na mesa e hipnotizo-me com a coleira do cachorro. O pente mostra os seus dentes de alegria matinal, tudo se torna alegre, o colchão cheio de flores, a parede embolorada, a cômoda descascada e enfim, até meus dois pés estão com o "espirito de ano novo". Não me importo com as datas, mas admito que estou terrivelmente satisfeito de não ter que por "06" no fim das minhas anotações. Já estava maçante, e além do mais, o 6 é um numero que caí no meu desgosto. 5 ou 7, 6 nunca. Feliz ano para quem o quer. O melhor agora para todos!

06 janeiro, 2007

O bocejador

Bocejadas de outrora, quando era um e queria ser vários. O meu bocejo cria uma ladainha que contada muda de tom e de rua. O bocejo amargo de alcool é prazeroso e o meu páladar é questionado com o dedo imdicador no rosto. No silêncio a minha boca só se abre para bocejar, ah, ah, ah... Que animal boceja mais do que eu? Ah, ah, ah... O meu sono é de quem flutuou depois de ver as suas pernas serem usadas como travisseiro de piquinique. Minhas pernas cansam, ora bolas, uma cabeça pesa 20 kg. A minha reação é um bocejo, um bocejo de cada vez. Ah, ah, ah... É claro que não passo as camisas e a vida a bocejar. Os meus bocejos são apenas imáginarios, são forjados, são falsos bocejos. O bocejo é a minha irônia interna, particular. O bocejo é a masturbação do meu égo, é o prazer que ninguém vê ou sabe, é as minhas vozes resmungando. Eu bocejo por dentro porque meu saco enche. Não só bocejo, rio, falo, choro e grito por dentro. É a composição do meu sonho, ato por ato, bocejo por bocejo. Ah, ah, ah...